Cartaz do 1º de Maio, Dia do Trabalhador

1

O Cartaz do 1º de Maio, Dia do Trabalhador, produzido em 1978, é um exemplo marcante de comunicação política e social no contexto do Portugal pós-revolução. Este cartaz é um objeto que funciona como uma peça de ligação às celebrações e manifestações associadas ao Dia do Trabalhador, numa altura em que a liberdade e os direitos dos trabalhadores eram o foco central na reconstrução do país.

O cartaz é composto por elementos visuais simples e eficazes: textos com mensagens diretas e impactantes, acompanhados de imagens estilizadas. O fundo é preenchido com cores vibrantes (vermelho, preto e branco), que reforçam a intensidade emocional e a mensagem política a ser transmitida. Estas cores não são escolhidas ao acaso, o vermelho em particular é símbolo de união e de luta no movimento operário. A composição do cartaz é equilibrada, ambos os texto e os elementos visuais estão posicionados de forma central e clara, o que permite uma leitura rápida e compreensão imediata. O foco do cartaz é o título em letras grandes e bem destacadas acompanhado de imagens como bandeiras ou elementos gráficos que sugerem movimento.

Este design transmite força,  energia e dinamismo. O suporte utilizado foi um papel fino, e as técnicas de impressão como a serigrafia ou offset conferem ao cartaz uma textura lisa, embora possam apresentar pequenas imperfeições decorrentes do processo artesanal e das condições de produção da época. O cartaz tinha um objetivo claro, convocar o povo às ruas e enchê-las para celebrar o 1.º de Maio, promovendo manifestações em prol dos direitos laborais e da unidade dos trabalhadores. Com frases curtas e imagens marcantes funcionava como chave para uma comunicação visual poderosa, capaz de capturar a atenção de trabalhadores e cidadãos de todas as classes sociais. A mensagem central era de união e luta, apelando à participação coletiva num momento histórico em que os avanços democráticos ainda eram recentes e era de urgência serem defendidos.

Estes cartazes eram afixados em lugares públicos, como ruas, muros, edifícios e sedes de sindicatos, estes locais asseguravam visibilidade máxima, alcançando assim um vasto público-alvo. Embora fossem pensados para os trabalhadores, também impactavam qualquer pessoa que os visse, alargando a sua influência para além dos utilizadores a quem sim era dirigida a mensagem intencionais.

A produção destes cartazes estava frequentemente a cargo de gráficas populares ou oficinas sindicais, financiadas por sindicatos, partidos ou através de donativos. Muitos deles eram projetados e impressos por militantes ou grupos que conjugavam um papel artístico com o interesse ativista. As limitações económicas e técnicas daquela altura influenciavam a produção, mas não diminuíam a sua eficácia. A simplicidade do design e a clareza da mensagem eram intencionais, refletindo assim a necessidade de comunicação direta com o público alvo.

Por fim, este cartaz é um exemplo claro de como o design pode transcender a sua função estética para se tornar uma ferramenta essencial de transformação social e política. No fundo o 1.º de Maio, perpetuado por estas imagens e mensagens, continua a ser um marco de resistência e solidariedade, e um eco das vozes que contribuíram para a construção da história.